Especialistas passaram a defender uma legislação única para prevenir
eventos semelhantes. Atualmente o poder executivo municipal fiscaliza os
aspectos gerais do projeto arquitetônico e os bombeiros vistoriam o plano de
combate a incêndios. O acidente da boate denunciou a fragilidade desse sistema
tendo em vista que a legislação municipal, mais flexível, foi utilizada no
lugar da legislação estadual contra incêndios, que exige, por exemplo, a
existência de duas portas em boates. Uma consequência constrangedora foi o jogo
de empurra-empurra entre as autoridades após o incêndio, cada qual tentando
transferir a responsabilidade para a outra.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, determinou uma vistoria
maciça das boates do estado. Das 303 casas visitadas até 31 de janeiro, 111 não
tinham alvarás de incêndio e 66 tinham alvarás válidos, mas irregulares; o que
ensejou um prazo de dez dias para regularização sob pena de cassação do alvará.
A fiscalização atingiu boates com mais de mil metros quadrados e deveria ser
estendida a salas de cinema, teatros e salões de clubes.
Além disso, o prefeito Fernando Haddad assinou um acordo com os
bombeiros para fiscalização conjunta na capital e determinou a criação de uma
legislação municipal mais rígida com a formação de uma comissão especializada. Houve
também vistorias no estado de Minas gerais com atuação conjunta de bombeiros,
prefeituras e polícia militar. Quatro casas noturnas foram fechadas no
município de Pouso Alegre, quatro em Cambuí e duas em Alfenas, todas por falta
de alvará de incêndio.
O Portal G1 ouviu especialistas sobre as possíveis punições na esfera
legal:
- prefeitura, que se eximiu da responsabilidade - indenização por
danos materiais e morais e pensão se houve omissão na fiscalização, se a
casa estava superlotada e sem alvarás em dia;
- bombeiros, que atestaram as condições da boate - indenização por
danos materiais e morais e pensão se a corporação foi omissa ou negligente
ou apresentou laudo errôneo;
- boate Kiss, que não tinha plano contra incêndios - indenização por
danos materiais e morais e pensão se foi omissa na documentação da casa,
permitiu shows que expunham a risco os clientes, não cumpriu exigências
dos bombeiros e da prefeitura;
- sócios da boate - homicídio culposo (sem intenção) se ficar
comprovado que eles sabiam do risco de incêndio e ainda assim permitiram
as apresentações com efeitos pirotécnicos no local;
- Proprietárias oficiais da boate, que não a geriam - indenização por
danos materiais e morais e pensão porque constam como verdadeiras
proprietárias;
- banda Gurizada Fandangueira - indenização por danos materiais e
morais e pensão se os fogos eram impróprios ou não estavam autorizados,
agravando a situação da boate se esta sabia;
- integrantes da banda - homicídio culposo se ficar comprovado que
sabiam estar utilizando um sinalizador capaz de provocar um incêndio, de
forma imprudente.
O jornal Zero Hora também levantou uma lista de crimes prováveis:
homicidio para os donos da boate e para a banda, improbidade administrativa para
a prefeitura e para os bombeiros, falsidade ideologica para os donos da boate e
para as proprietárias oficiais, irregularidares trabalhistas para os donos da
boate, lesão corporal, para os donos da boate e para a banda, prevaricação para
a prefeitura e para os bombeiros, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro e para os donos da boate e para as proprietárias
oficiais.
Em 2 de fevereiro, o promotor João Marcos Adede y Castro anunciou que
havia entrado com uma requisição de vistoria da boate juntos ao Ministério
Público em 2011, devido às más condições da casa noturna. "Eu recebia
muitas denúncias de bombeiros que iam fiscalizar os locais e não eram
obedecidos pelos proprietários. Então, eles me procuravam porque se sentiam
impotentes e não conseguiam obrigar os donos a seguirem as leis. Foi o caso da
denúncia dessa boate", disse ele. A requisição foi destinada a Wladimir
Comassetto, o comandante local da Brigada Militar, que é responsável pelo Corpo
de Bombeiros. O promotor afirmou ter feito mais de quatrocentos pedidos de
fiscalização nas empresas do município, mas a resistência é grande por causa do
custo de prevenção e não há ação das autoridades.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre
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